Patronais não admitem ganho real para o farmacêutico
Nenhum avanço. Este foi o resultado da segunda reunião de negociação salarial dos farmacêuticos das farmácias e drogarias da maior parte do Estado de Santa Catarina nesta quinta, 06 de abril, na sede da Fecomércio, na capital. Os patronais das farmácias das regiões de Tubarão, Joinville, Vale do Itajaí, Florianópolis e Oeste não admitem conceder qualquer ganho real e mantém a proposta de parcelamento das perdas salariais.
Os patrões rechaçaram a proposta do SindFar para equiparação do piso da categoria ao da região de Itajaí, que há seis anos tem o salário mais elevado para os farmacêuticos do comércio. A contraproposta patronal ficou em outro extremo: o parcelamento do percentual equivalente ao INPC: reajuste em duas parcelas de aproximamente 2.3%. A presidente do SindFar, Fernanda Mazzini, rejeitou sumariamente a oferta e colocou na mesa uma proposta secundária que admitia parcelamento desde que houvesse ganho real, com elevação do piso para R$ 3.200,00. "Se a equiparação não foi aceita, reivindicamos que haja, ao menos, a redução da diferença salarial das regiões do Estado", explica Nanda. Entrentanto, os donos das farmácias também não querem pagar o valor.
Também participaram da reunião as assessoras jurídicas do SindFar, Tatiana Coelho e Pollyana Gusmão, e do sindicato patronal de Joinville, Celso Roberto Eick Junior.
Crise para quem?
Basta acompanhar o noticiário econômico para saber que o mercado farmacêutico figura como um dos únicos segmentos que atingiu crescimento nos últimos anos, mesmo em plena crise. Segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), o setor cresceu 12% e faturou 34 bilhões de reais entre julho de 2014 e julho de 2015. No período entre outubro de 2015 e setembro de 2016, seu faturamento teria aumentado 13%. Em São Paulo, o sindicato patronal Sindusfarma projeta de crescimento de 10% do mercado de medicamentos para 2017.
Mas o representante patronal Nei Constante afirma que os números apontados não revelam a realidade da maioria das farmácias e drogarias catarinenses. Segundo o empresário, a Confederação Nacional do Comércio e a Fecomércio tem dados que comprovam que 74.8% das farmácias catarinenses são independentes ou associativas e não pertencem a grandes redes. A crise entre os associativistas é contestada pela Febrafar, federação que congrega estas farmácias, segundo reportagem publicada pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICQT).
Veja:
Decisão na mão da categoria
Os patronais devem se manifestar no início da semana e informar se mantém a oferta do INPC parcelado ou se reajusta o salário do farmacêutico em 4.69%, percentual integral do INPC. Ambas as propostas são consideradas rebaixadas pelo SindFar. "A intransigência dos donos das farmácias na maior parte do Estado só faz aumentar o abismo salarial na categoria entre profissionais farmacêuticos que executam as mesmas funções mas tem salários diferentes. Não é justo que em uma cidade o farmacêutico da farmácia ganhe 20% a menos do que o seu colega na cidade vizinha.
A presidente Fernanda Mazzini anunciou que vai convocar nova assembleia para discutir os rumos da campanha salarial em conjunto com a categoria assim que tiver a proposta final dos empregadores do comércio e também das demais áreas (hospitais, laboratórios, indústria, transportadoras e distribuidoras. "Mas esta luta tem que ser de todos. Sozinho o sindicato não pode vencer", afirma Nanda.