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ago

Ser mulher e farmacêutica: um breve relato sobre a 2° Conferência Nacional de Saúde das Mulheres

 
Vivenciar esta conferência foi muito importante para mim. Enquanto feminista, o contato com a pluralidade no movimento de mulheres reforçou muito a necessidade de militar por um feminismo que reconheça a diversidade, a disputa de classes e a opressão que o capital traz para a vida das mulheres. Ouvir mulheres indígenas, do povo rom, pescadoras, quilombolas, negras, atingidas por barragens, tralhadoras do sexo, trans, entre tantas outras ali presente, reforçou em mim a necessidade de ouvir e aprender sobre as diversidade de lutas no movimento feminista. O feminismo pelo qual eu luto não pode excluir nenhuma dessas mulheres!
 
Enquanto trabalhadora farmacêutica, muitos dos relatos que ouvi tratavam da medicalização dos corpos e da vida dessas mulheres. A medicalização que ocorre pela violência sofrida, pela opressão e exploração no trabalho, por não atingir o ideal de beleza imposto, por ser separada dos seus familiares e filhos por conta de divergências culturais, enfim, tantas situações que levam as mulheres aos balcões das farmácias… Quantas dessas mulheres eu atendo no serviço onde atuo? Quantos psicotrópicos e analgésicos por mim dispensados são utilizados para aliviar, mascarar ou amenizar a dor dessas mulheres? Como posso contribuir para uma atenção integral dessa mulher, não sendo apenas um instrumento de medicalização? 
 
Volto desta Conferência com o propósito de dia após dia ressignificar o meu fazer no cuidado dessas mulheres e o meu fazer enquanto mulher e trabalhadora. Volto com a certeza de que essa Conferência foi um marco histórico neste momento de afronta a democracia. Volto desta Conferência renovada e com forças para continuar a luta no sindicato e no controle social. Volto feliz!
 
Na foto, Fernanda Manzini e a farmacêutica Marselle Carvalho durante a CNSMu

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