Avanço salarial dos farmacêuticos
Acabamos de conquistar mais uma negociação salarial. Com o avanço, o piso de Santa Catarina superou o de muitos outros estados.
Veja como ficou o salário do farmacêutico com os acordos já fechados em SC:
ÁREA DE ATUAÇÃO |
PISO ANTERIOR |
NOVO PISO |
COMÉRCIO ITAJAÍ | R$ 1.750,00 | R$ 2.100,00 (INPC + 13.64%) |
COMÉRCIO (restante do estado) | R$ 1.670,00 | R$ 1.800,00 (INPC + 1,34%) |
HOSPITALAR | R$ 1.587,26 |
R$ 1.800,00 para especializados (INPC + 7%) R$ 1.700,00 Para não especializados (INPC + 0.7%) |
LABORATORIOS | R$ 2.200,00 | R$ 2.340,00 (INPC) |
DISTRIBUIDORAS | R$ 1.670,00 | R$ 1.800,00 (INPC% + 1,34%) |
Pontos positivos da negociação
– Acordo de Itajaí
O SindFar fechou acordo com os Sindicatos do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Itajaí (Sincofarma) fixando o piso dos farmacêuticos que atuam nas farmácias e drogarias em R$ 2.100,00. É o segundo ano consecutivo em que o patronal da região, dirigido por um colega farmacêutico, demonstra disposição em valorizar o profissional com reajuste acima do restante do estado. Seguirão a convenção da região as farmácias e drogarias filiadas ao sindicato patronal da região nos seguintes municípios: Balneário Camboriú, Balneário Piçarras, Brusque, Camboriú, Canelinha, Guabiruba, Ilhota, Itajaí, Itapema, Luiz Alves, Major Gercino, Navegantes, Nova Trento, Penha, Porto Belo, São João Batista e Tijucas.
– Compromisso de empresas de farmacêuticos
A rede Farma&Farma assinou termo de compromisso com o Sindicato dos Farmacêuticos comprometendo-se a recomendar aos associados a elevação do piso dos profissionais para R$ 2.100 em todo o estado. O SindFar também procurou a Anfarmag para firmar o mesmo termo de compromisso com os colegas da área magistral. O tema voltará a discussão na próxima assembleia da associação.
– Agilidade
O processo de negociação deste ano também foi um dos mais ágeis. Nos últimos dias de março, já havia novo piso estabelecido para os profissionais do comércio, laboratórios, hospitais e distribuidoras. Resta apenas fechar os pisos da indústria, historicamente mais morosos. Em 2010, o acordo com o patronal do comércio saiu apenas em agosto.
– Equiparação salarial do hospitalar
Depois de anos de argumentação, um avanço importante na negociação do piso dos profissionais dos hospitais: o salário dos que comprovarem especialização na área será equiparado ao dos farmacêuticos do comércio (R$ 1800,00). O salário dos farmacêuticos não especializados na área subirá de R$ 1.587,26 para R$ 1700. Trata-se de uma conquista histórica para os profissionais dos hospitais, que há anos amargam um dos salários mais baixos da categoria.
– Vale-alimentação
Houve um princípio de sensibilização dos patronais para inclusão de vale-alimentação numa próxima negociação
Por que há salários diferentes para os farmacêuticos no estado?
O piso salarial do farmacêutico é negociado entre o sindicato dos profissionais (SINDFAR) e os sindicatos e federações patronais de cada área: farmácias comerciais, laboratórios, hospitais… enfim, todos os patronais das empresas onde os farmacêuticos atuam. No total são dezesseis sindicatos para quem o SINDFAR precisa apresentar e defender a pauta dos farmacêuticos. No caso do comércio, há ainda sindicatos em cada região: há Sindicatos do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Joinville, Vale do Itajaí, Itajaí, Florianópolis e Oeste Catarinense. Alguns patronais são mais sensíveis às reivindicações dos farmacêuticos do que outros e, portanto, mais flexíveis. Por exemplo: em 2008, os profissionais de Florianópolis amargaram um piso vergonhoso, abaixo do resto do estado. Tudo porque o patronal da capital não admitiu aumentar o salário ao patamar negociado no resto do estado. Já nos dezoito municípios de base territorial do patronal de Itajaí (Balneário Camboriú, Balneário Piçarras, Brusque, Camboriú, Canelinha, Guabiruba, Ilhota, Itajaí, Itapema, Luiz Alves, Major Gercino, Navegantes, Nova Trento, Penha, Porto Belo, São João Batista e Tijucas), desde o acordo passado, os farmacêuticos recebem a melhor remuneração do setor. Lá, o sindicato patronal dirigido por um colega farmacêutico tem demonstrado maior preocupação com a elevação salarial dos profissionais.
Por que não conseguimos alcançar o piso proposto e todos os benefícios na pauta de reivindicações?
A pauta de reivindicações para a Convenção Coletiva de Trabalho é o documento construído pelos farmacêuticos em assembléia para ser apresentado aos patrões na negociação. Ela é o instrumento que materializa o desejo dos farmacêuticos por um salário melhor e por benefícios. Mas durante a negociação, cada ponto (valor do piso, auxílio-creche, alimentação, etc) é discutido individualmente e nem sempre as propostas são aceitas. Numa negociação, cada um defende o seu lado. Assim como o SindFar reúne os farmacêuticos para propor um salário maior na pauta, os sindicatos patronais também fazem assembleias para votar a nossa proposta. E a maioria deles está muito mais interessada em não “gastar” com o farmacêutico do que em valorizar o trabalho. Então, cada pequeno avanço é uma grande conquista. Foram necessários anos de argumentação para conseguir convencer os patrões que farmacêutico não é caixa e que, portanto, não deve pagar quebra de caixa; obter a baixa de responsabilidade técnica custeada pelo empregador que demitir o farmacêutico; a desobrigação do cumprimento dos 30 dias do aviso-prévio caso o profissional encontre m novo emprego, entre outros benefícios.
Ainda estamos longe de um salário ideal e do reconhecimento que merecemos. Mas para que os itens da pauta virem cláusula do acordo, com força de lei, garantindo a manutenção dos nossos direitos e a ampliação dos benefícios, é fundamental o empenho de cada um de nós. Os sindicatos patronais precisam entender que juntamente esse documento, está a vontade dos farmacêuticos. Essa vontade é expressa no engajamento da categoria para as assembléias durante todo o ano, para além do período de campanha salarial. É assim que vamos construir juntos uma campanha salarial cada vez mais vitoriosa para os farmacêuticos de Santa Catarina.