Governo popular não garante os avanços que a sociedade precisa, afirma ministro
Em encontro com catarinenses, ministro Gilberto Carvalho conclamou trabalhadores à mobilização para pressionar pelas mudanças sociais, como redução da jornada de trabalho e investimento na saúde
A presidenta do SindFar, Caroline Junckes, representou os trabalhadores catarinenses em encontro com o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho no dia 14 de abril. O evento promovido pela Famesc (Federação das Associações de Moradores do Estado de Santa Catarina) no auditório dos Correios, em São José, reuniu centenas de representantes do movimento social catarinense para apresentar ao ministro as demandas das entidades que representam diferentes segmentos. Pelo menos 45 sindicatos e 26 organizações do movimento popular, representando movimentos de juventude, por moradia, LGBT, sem terra, etc, participaram do encontro.
Encarregado pela própria presidenta Dilma Roussef de manter afinado o contato dos movimentos sociais com o Governo Federal, o ministro Gilberto Carvalho respondeu a questionamentos e deixou um recado claro: um governo popular não garante o avanço da sociedade sem a pressão dos movimentos sociais. Segundo o ministro, muitas medidas em benefício da população trabalhadora disputam com a forte oposição das elites. “O próprio ministro alertou que é preciso manter o governo sob fogo cerrado: ampliar as mobilizações, colocar o povo na rua, para pressionar e dar respaldo às mudanças do governo em favor da população”, afirma Caroline Junckes, que participou da mesa de autoridades em nome da Fenafar e da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Dentre as medidas que requerem mobilização estão a aprovação da diminuição da jornada de trabalho sem redução de salário e da Emenda Constitucional 29, que garante aporte financeiro para o SUS. Dentre as dezenas de perguntas que recebeu, o ministro respondeu a questionamentos da farmacêutica Caroline Junckes sobre esses temas. “Se há disposição do governo, que tem maioria no Congresso, porque essas medidas ainda não foram aprovadas?”, inquiriu.
As respostas vieram no mesmo tom e foram compartilhadas pela ministra da Pesca, Ideli Salvati. “Ter o governo não significa ter poder”, disse a ministra. Para exemplificar, ela citou o piso nacional da educação, que mesmo sendo lei e medida julgada pelo judiciário, não é cumprido. O ministro Gilberto Carvalho concordou e reforçou a idéia de que o movimento não pode se calar. “Sem movimento popular não teremos 40 horas aprovadas. Não pensem que as bancadas que defendem o patronato vão deixar passar esse projeto, temos uma força contrária que é avassaladora, e precisamos confrontá-la”, declarou.
Outro desafio apontado pelo ministro é a sensibilização das gerações mais jovens, que cresceram nas décadas do crescimento econômico do Brasil, para a luta. “O ministro fez um apelo para que os movimentos sociais e sindicais alcancem os jovens e evitem que sejam cooptado pelas elites”, relatou a presidenta do SindFar.