Atuação farmacêutica para além da profissão
A atuação política é diretamente responsável pelas conquistas da profissão farmacêutica. Fazer parte dos sindicatos, conselhos e outros espaços políticos é fundamental para a valorização do nosso trabalho e das políticas farmacêuticas. O tema foi pauta durante a Semana Acadêmica de Farmácia da Univille, que aconteceu entre 19 e 22 de setembro. A diretora Fernanda Manzini foi a palestrante da mesa "Controle Social e Movimento Sindical" no dia 20 de setembro.
Farmacêutica do serviço público municipal, Fernanda é dirigente do SindFar pela primeira gestão. Através da sua atuação no sindicato, representa a categoria farmacêutica de Santa Catarina em outros espaços, como a Escola Nacional dos Farmacêuticos (espaço ligado à Fenaar e que que debate a qualificação e a educação farmacêutica) e o Conselho Municipal de Saúde da Capital. Também foi eleita pela categoria conselheira do Conselho Regional de Farmácia, atuando na Comissão de Assistência Farmacêutica.
Para contextualizar o tema, Fernanda mostrou um panorama atual da profissão no país. Segundo dados divulgados em 2013, dos 180 mil profissionais registrados no Brasil, 77% atua no setor privado e 23% no serviço público. A região sul concentra 19% dos farmacêuticos brasileiros. Em Santa Catarina, 72% dos colegas inscritos no CRF são responsáveis técnicos dos estabelecimentos onde atuam. Entre os RTs, 64% são empregados e 36% são proprietários.
Os pisos salariais no Estado variam entre R$ 2.170,05 (indústria) e R$ 3.400 (farmácias e drogarias da região de Itajaí). Embora alguns pisos salariais do Estado estejam acima da média da região sul (R$ 2.850,00), todos estão abaixo do salário considerado justo pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sindicais (DIEESE). Considerando a variação da Cesta Básica Nacional, o Dieese calcula que o salário mínimo para a família brasileira no mês de agosto de 2016 deveria ser de R$ 3.991,40.
Segundo Fernanda Manzini, esta realidade e outros problemas, como jornada de trabalho da profissão, é que a levaram a atuar em espaços políticos em que pudesse lutar pela categoria. "Percebi que os problemas da nossa profissão apenas poderiam ser resolver no plano coletivo, e isso me levou a ir pro sindicato", relatou.
Além da atuação junto às organizações farmacêuticas, a farmacêutica também falou sobre a necessária contribuição farmacêutica em outros espaços da sociedade, como os conselhos de saúde. Nos conselhos de controle social, os farmacêuticos acompanham e planejam as ações da gestão pública, como prevê a Constituição, cumprindo mais este seu papel social. Ao mesmo tempo, ocupa o seu espaço entre as categorias trabalhadoras da saúde, demarcando a Farmácia no contexto da saúde pública e a importância do trabalho farmacêutico.
Fenanda falou ainda sobre as capacitações que a Fenafar promove para instrumentalizar a atuação dos colegas nestes espaços, como os encontros de avaliação da Política Nacinal de Assistência Farmacêutica.