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O GLOBO – Venda de remédios deve crescer 13% neste ano, quatro vezes a alta do PIB

O comércio de medicamentos no Brasil deve crescer 13% neste ano, quatro vezes mais que o Produto Interno Bruto (PIB). Estimativas do Pyxis Consumo, ferramenta de dimensionamento de mercado do IBOPE Inteligência, apontam movimento de R$ 63 bilhões para 2012 no varejo. Em 2011, o estudo do Ibope estimou R$ 55 bilhões.

O gasto médio per capita deste ano deve ser de R$ 386,43, versus R$ 337 de 2011. As classes B e C serão as principais responsáveis por esse consumo. Juntas, elas correspondem a 80% do valor total, com gastos de R$ 23 bilhões e R$ 27 bilhões, respectivamente. O Pyxis Consumo gera estimativas de potencial de consumo domiciliar, ou seja, aquele comprado por pessoa física.

Se o consumo cresce, na outra ponta, a indústria farmacêutica também tem crescimento de dois dígitos. No ano passado, o mercado farmacêutico brasileiro vendeu R$ 43 bilhões – 2,3 bilhões de embalagens – segundo a consultoria IMS Health. Não estão incluídas as compras governamentais, de hospitais e planos de saúde. Este mercado cresceu 18,9% em comparação a 2010, ainda segundo a IMS Health.

Dados da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) apontam que 42 laboratórios são responsáveis pela venda, em farmácias, de 78% dos medicamentos de referência do mercado e também por 43% dos genéricos, produzidos por empresas que passaram a ser controladas por essas indústrias.

E este aumento no consumo leva a indústria farmacêutica a apostar na expansão dos seus negócios. O Brasil impulsionou o crescimento de 12% da farmacêutica Bayer HealthCare na América Latina, segundo recente balanço. As vendas na região, segundo a empresa alemã, alcançaram 1,8 bilhão de euros em 2011. Hoje, o Brasil é o primeiro em vendas, seguido do México, Venezuela, Colômbia e Argentina.

– O crescimento de 12% confirma nossa estratégia de concentrar esforços em mercados de crescimento. O Brasil representou 50% das vendas na América Latina – afirma Marco Lavagnino, diretor médico da Bayer HealthCare Latinoamérica.

– Também queremos manter a liderança em saúde feminina e há um potencial inovador para crescimento nas áreas da cardiologia e oftalmologia – completa Lavagnino.

Theo van der Loo, presidente da Bayer no Brasil e presidente do Conselho diretor da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), revelou ao O GLOBO que estão previstos cerca de sete novos medicamentos para este ano, nas áreas de saúde feminina, oncologia, dermatologia, cardiovascular e oftalmologia.

O executivo, que comemora o fato do Brasil ser o carro-chefe das vendas na América Latina, diz que a Bayer cresceu 11% no país, ano passado.

– O nosso portfólio é bastante amplo. E a grande maioria dos nossos anticoncepcionais são fabricados no Brasil – explica ele. Em 2011, conta van der Loo, a fábrica situada em São Paulo produziu 2,2 bilhões de pílulas.

Buscando expansão além do eixo Estados Unidos-Europa, a farmacêutica suíça Novartis está de olho no Brasil e assinou uma carta de intenções com o Ministério da Saúde. A farmacêutica pretende reforçar as pesquisas no desenvolvimento de produtos para doenças como dengue e Chagas. E já iniciou a construção de uma fábrica de biotecnologia para a produção de vacinas em Pernambuco, com investimentos estimados em meio bilhão de dólares.

Outra farmacêutica, a Pfizer, teve faturamento no Brasil de R$ 4 bilhões em 2011, um crescimento de 14% em relação a 2010. O Brasil está entre os 10 principais mercados para a empresa.

A fabricante americana de equipamentos médicos GE Healthcare – que tem o Brasil como principal mercado – quer dobrar o tamanho do negócio até 2015 e contribuir para o desenvolvimento do setor, que deve crescer 10% neste ano. A fábrica da empresa em Contagem, Minas Gerais, com investimento de US$50 milhões em dez anos, vai produzir aparelhos para ressonância magnética. Atualmente, são fabricados raios-X, tomógrafos, mamógrafos e equipamentos para Pet-CT, que terão sua produção intensificada. A GE pretende, inclusive, exportar equipamentos.

Beleza e higiene

De acordo com Herculano Aníbal Alves, diretor de renda variável da Bradesco Asset Management, com a fusão da Droga Raia e Drogasil há espaço para crescimento das vendas em muitos estados do Brasil.

– Ainda é um mercado muito segmentado – diz Alves.

Ele afirma que a ascensão de muitas pessoas das classes D e E para a classe C, a chamada ‘nova classe média’, dá início a um movimento de consumo de novos produtos, ligados à higiene e beleza e saúde, por exemplo.

– Um dos primeiros desejos das pessoas que passam do mercado informal para o formal é ter planos de saúde e dentário, por exemplo – diz Alves.

Já o gestor de renda variável da Infinity Asset, André Paes, avalia que com esse novo consumidor há possibilidade de crescimento para a Panvel/Dimed, uma rede de farmácias que atende os estados do Sul do país – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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