É hora de greve
Há três anos, a maioria dos farmacêuticos amarga um reajuste salarial irrisório. O último ganho real dos profissionais que atuam nas farmácias e drogarias da maioria das regiões de Santa Catarina foi de míseros 0,62% em 2014, menos de 1%. Neste ano, após tentar empurrar o parcelamento da reposição salarial (que não é ganho real, apenas a recomposição das perdas inflacionárias), os patrões ofereceram 4,69%, equivalente à variação do INPC.
As perguntas que o Sindfar faz aos proprietários das empresas nas negociações são as mesmas que o/a farmacêutico/ se faz a cada vez que recebe a folha de pagamento: dá pra pagar transporte, moradia, alimentação, educação para os/as filhos/as com o salário que os patrões querem pagar? Compensa estudar no mínimo quatro anos por um piso que não chega a R$ 3.000,00? O farmacêutico, para os patrões, é apenas um custo empresarial, e não um profissional de saúde?
Se o salário baixo é uma preocupação histórica dos farmacêuticos, este ano acumulamos ainda outras incertezas, comuns a todas as categorias de trabalhadores/as. As reformas trabalhista e previdenciária, em vias de votação no congresso nacional, podem destruir de uma só vez mais de uma centena de direitos hoje garantidos pela CLT. Sob o pretexto da "modernização" das leis, o governo propôs mudanças que contemplam apenas os empregadores, que são os maiores financiadores das campanhas eleitorais. Enquanto tentam nos convencer, com discursos polidos na TV, que o trabalhador pode virar empresário assim que faz um CNPJ e joga no lixo a sua carteira de trabalho, são cada vez mais comuns as licitações para contratação de funcionários: ganha o emprego quem cobrar mais barato. Trabalhador contra trabalhador. E quem ganha são os patrões, com a mão-de-obra barata.
Se nao reagirmos agora, logo será tarde e seremos responsáveis não apenas pela precarização do nosso trabalho, mas dos nossos filhos/as e netos/as.
POR QUE FAREMOS GREVE
Por que não é justo que o povo tenha que contribuir por 588 meses (ou 49 anos) para receber 100% da aposentadoria. Os propositores desta matéria, incluindo o presidente Michel Temer, se aposentaram antes dos 50 anos.
Por que somos contra a terceirização irrestrita que causa o desemprego e precariza a jornada e o salário dos funcionários.
Por que nossa luta pela redução da jornada de 44h para 30h ficará sepultada para sempre se a reforma trabalhista for aprovada.
Por que um reajuste de 4,69% é um desrespeito com a categoria farmacêutica.
Por que um/a trabalhador/a prejudicado/a prejudica todos/as as/os outras/os.
Por todos estes motivos é que o SindFar conclama toda a categoria farmacêutica a paralisar suas atividades junto com os outros milhões de trabalhadores funcionários da saúde, da educação, das fábricas, das autarquias e diversos outros locais de trabalho) neste 28 de abril. A diretoria vai comunicar a decisão ao departamento de fiscalização do CRF/SC e estará na sede do sindicato entre as 11h e 14 horas para receber os colegas e conversar sobre as reivindicações das categorias de trabalhadores e sobre o rumo da campanha salarial.
Quer salário digno e preservar os direitos dos trabalhadores? A hora de mostrar a disposição da luta que muda a história é agora.